
Antígone, enterrada viva no próprio túmulo, revive a trilogia trágica de Sófocles, encontrando nas crenças da sua vida a luz da liberdade. As tragédias da trilogia do Sófocles são mais que uma história Rodriguiana de incesto e briga em família. Sófocles trata da vontade livre e predestinação na vida dos homens.
Em Édipo Rei, Édipo nasce sob uma profecia que ele mataria o pai e casaria com a mãe. As tentavias do pai de evitar a profecia só levam à sua execução. Tudo que Édipo faz ele faz sem saber e sem querer. Ele é uma vítima dos deuses.
Em Édipo em Colono, uma segunda profecia oferece ambiguidade aos filhos do Édipo. Eles podem escolher acolher o pai, ou lutar um contra outro para o trono de Tebas. À vontade livre podem escolher entre dois destinos, e escolhem a luta fratricida.
Antígone fez por que quis. Ela é movida não pelas mãos dos deuses, mas pela livre vontade. Ela faz o que acha certo, e cumpre o que julga ser suas obrigações. Sofre as conseqüências, mas sabendo quais seriam, e as aceita.
Esta peça Antígone Emparedada começa com as portas do túmulo fechando-se em Antígone. Ela parece absolutamente confinada, absolutamente prisioneira, numa cela de pedra, com uma única fresta de abertura; sua comida: suas próprias oferendas fúnebres; sua companheira: sua mente povoada por lembranças; sua única saída: a morte.
No decorrer da peça, chegamos a ver que ela é, na verdade, livre. Mais livre do que seu pai era no seu palácio: uma marionete dos deuses, mais livre do que seus irmãos, que seguiram uma profecia de destruição mútua.
Antígone é condenada à morte como se fosse uma criminosa, com uns dias de vida, sustendada pelas oferendas, e depois uma morte agonizante por fome ou sede na cela que vira tumulo. Mas ela faz das próprias oferendas fúnebres material para uma última oração pela alma do irmão amado. Ela faz uma revisão da sua vida, faz um balanço das suas decisões, e julga que viveu seguindo sua própria visão do bem. Ela se julga pronta para encontrar seus deuses, e escolhe sua própria morte, como escolheu sua própria vida.
Adaptação: Graça de Andrade
Direção: Nelson Peres
Luz: PH
Trilha: Zero Freitas e Márcio Ribeiro
Técnico de iluminação : Gabriel Vianna
Técnico de som: Diogo Marques
Fotografia: Lenise Pinheiro
Preparação Vocal: Maria do Carmo Bauer
Preparação Corporal: Julia Abs
Figurino e Adereços: Bartira Martins
Costureira: Cris de Andrade
Asst. de Realização: Eliana Haddad Galvão
Produção: Graça de Andrade
Recomendação 12 anos
Todas as sextas às 24hs.
(50 espectadores, ingressos a R$20,00 e meias a R$10,00)
Maiores informações no site do espetáculo: http://www.antigoneemparedada.com.br
(O Espetáculo estreou em 3 de Março de 2006. Foram feitas 5 apresentações dentro da temporada normal.)